O uso de variedades transgênicas na agricultura tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento vertiginoso do consumo de agrotóxicos no país, havendo a necessidade de se utilizar produtos cada vez mais fortes e tóxicos devido à resistência criada por plantas e pragas. A afirmação foi feita pelo representante do Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Leonardo Melgarejo, que debateu o assunto durante o Congresso Brasileiro de Agroecologia, que termina hoje, em Porto Alegre (RS).
Segundo o especialista, não houve um ganho significativo com a introdução e liberação de variedades de soja transgênica no país.
“O ganho anterior à liberação não é inferior ao que temos agora. Estudos insuficientes e elaborados pelos próprios interessados, pesquisas inadequadas e de curto prazo, desprezo a normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), omissão de dados necessários para conferência dos resultados apresentados e descaso a aspectos socioeconômicos são os principais problemas relacionados à questão dos transgênicos no Brasil.” afirmou Melgarejo.
Conforme dados apresentados pelo pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso, Wanderlei Antônio Pignati Pignati, o Brasil utilizou na safra 2012/2013 cerca de 1 bilhão de litros de agrotóxicos, colocando o país como o maior consumidor mundial desses produtos.
“E temos que levar em consideração que cada litro de agrotóxico é diluído em 100 litros de água. Imaginem o volume destes venenos despejados no meio ambiente” – questionou.
Monoculturas
Ao analisar os mapas de consumo e o de produção agrícola, Pignati verificou que as áreas de maior utilização de agrotóxicos são aquelas onde se concentram os principais Estados produtores de monoculturas, como soja, milho e algodão, especialmente em grandes áreas.
“Em propriedades de até 10 hectares, somente 27% dos produtores utilizam agrotóxicos. Em áreas acima de 100 hectares, este índice salta para 80%” – explicou.
Pignati falou ainda que a evolução da área cultivada e da produtividade no Brasil não justifica o crescimento exponencial do uso de agrotóxicos.
Efeitos ao meio ambiente e à saúde
Outro aspecto abordado pelo professor foram os efeitos dos agrotóxicos ao meio ambiente e à saúde humana.
“Estudos feitos de 2007 a 2011 demonstram que as intoxicações agudas estão aumentando: dobrou em homens e triplicou em mulheres. Foram mais de 33 mil intoxicações notificadas e se sabe que, para cada caso registrado, existem outros 50 não notificados”,disse o pequisador.
Segundo estudos apresentados, os agrotóxicos causam problemas psiquiátricos, neurológicos, depressão e mutagênicos, estando ligados também à ocorrência de câncer, malformações, suicídios e abortos.
Fonte: Governo do Rio Grande do Sul