Olá amigos amantes da música sertaneja e fãs do Sertanejo Oficial, hoje vamos continuar contando um pouquinho da história da nossa música caipira e as curiosidades viola brasileira.
Em toda a extensão do chão brasileiro temos várias denominações desse instrumento: viola caipira, viola cabocla, viola de arame, violinha, viola sertaneja, viola nordestina, viola cantadeira, viola charmosa, viola de dez cordas, viola serena, viola de pinho, viola brasileira entre outras. Apesar de não ter se originado em nosso País a viola é brasileira sim senhor!
As melodias extraídas de suas dez cordas (cinco pares, em aço), em suas afinações características faz com que se mostre um instrumento com possibilidades infinitas, permitindo que seja explorada por outros gêneros não sertanejos.
Não tem quem não se comova ao som de um ponteado bem rasgado, acompanhado de um aperitivo e uma boa prosa! Isso é a cara da gente, é a cara da nossa origem, do nosso pé na roça. Essa combinação é irresistível, quem já vivenciou sabe muito bem, e não é pra menos, considerando a necessidade natural do brasileiro de ter e fazer amizades.
A viola está presente em diversas manifestações culturais, como Folia de Reis, Catira, Congada, Fandango, Cururu entre tantas.
Tião Carreiro se foi, como também seu parceiro Pardinho, essa dupla encantou tantas gerações e ainda é e será sempre referência para os amantes da viola. Mesmo em vida Tião não gozou de tanta glória como lhe foi devido, considerando a importância da sua música na cultura do país, grandes nomes como Almir Sater, Mazinho Quevedo, Moreno (parceiro de Moreninho), Bambico (primeiro Douradinho da dupla com João Mulato), Tião do Carro, Goiano (da dupla com Paranaense), Zé do Rancho, Florêncio (da dula com Raul Torres) Renato Andrade e tantos outros ajudaram a divulgar o bom ponteio da viola. Atualmente temos a força jovem da viola “quebrando” tudo pra defender a cultura: João Carreiro (ex-dupla com Capataz) é um ótimo exemplo, assim como Lucas Reis e Thácio, Bruna Viola, Yassir Chediak, Daniel Viola, só pra citar alguns.
Há diversas lendas e histórias a respeito das afinações da viola. O nome da afinação Cebolão seria do fato de as mulheres chorarem, emocionadas ao ouvir a música, como quem corta cebola.
A afinação Rio Abaixo seria originada na lenda de que o Diabo costumava descer os rios tocando viola nessa afinação e, com ela, seduzindo as moças e as carregando rio abaixo.
Acredita-se que a arte de tocar viola seja um dom de Deus, e quem não o recebeu ao nascer nunca será um violeiro de destaque. Porém, a lenda diz que mesmo a pessoa não contemplada com este dom pode adquirir habilidade de um bom violeiro. Uma das opções seria uma magia envolvendo uma cobra-coral venenosa e é conhecida como simpatia da cobra-coral. Outro modo seria fazer rezas no túmulo de algum antigo violeiro na sexta-feira da paixão.
O Diabo, segundo pesquisado, é considerado o maior violeiro de todos. Tal mito explica a quantidade de histórias, em todo o Brasil, de violeiros que teriam feito pacto com o Diabo para tocarem bem. Porém, o violeiro que faz este tipo de pacto não vai para o inferno já que todos no “céu” querem violeiros por lá.
Em certas regiões, por tradição, as violas carregam pequenos chocalhos feitos de guizo de cascavel, pois segundo a lenda, tem poder de proteção para a viola e para o violeiro. Segundo contam os violeiros de antigamente, o poder do guizo chega a quebrar as cordas e até mesmo o instrumento do violeiro adversário em duetos nordestinos e desafios de cururueiros.
A viola é cheia de histórias e lendas, porém na vida tudo é treinamento, não importa o que você quer fazer, se treinar bastante chegará a excelência, então treine, se dedique mais e seja o melhor.
Grande abraço e até a próxima semana com um pouco mais da nossa cultura sertaneja de raiz.
Assista abaixo alguns bons vídeos de violeiros e seus diferentes tipos de afinações e estilos:
Almir Sater – Chamamé Rio Abaixo
Lucas Reis e Thácio homenagem a Tião Carreiro
Por: Luiz Henrique Pelícia (Caipirão)