O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está prestes a fechar o financiamento para a planta piloto de gaseificação de biomassa, que deverá ser construÃda até 2016, para começar a operar no ano seguinte, em Piracicaba, no interior paulista.
O presidente do IPT, Fernando Landgraf, apresentou o projeto na última semana. Segundo ele, a planta piloto terá capacidade de processar 400 mil toneladas anuais de bagaço e palha de cana-de-açúcar. A gaseificação é um processo de conversão de combustÃveis sólidos em gasosos por meio de reações termoquÃmicas. No caso da cana-de-açúcar, o objetivo é gaseificar o bagaço para depois gerar combustÃveis, energia elétrica ou até mesmo biopolÃmeros.
– As plantas piloto são difÃceis de construir e ainda mais difÃceis de operar. Os casos de fracassos se acumulam. Mesmo assim, achamos que o risco é válido, porque o potencial brasileiro de aumento da produção de cana-de-açúcar é tão grande que precisamos investir seriamente em diversas opções bioquÃmicas e petroquÃmicas – disse Landgraf.
Segundo o presidente do IPT, o instituto está fechando o financiamento para a planta piloto, que terá financiamento de cerca de R$ 30 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 30 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), R$ 10 milhões de parceiros industriais e R$10 milhões do IPT e do governo paulista.
– O setor sucroalcooleiro cresce 5% ao ano no Brasil e a projeção é que esse ritmo deverá se manter pelo menos pelos próximos 10 anos. Já produzimos cerca de 600 milhões de toneladas por ano e com o crescimento projetado teremos que lidar com uma grande quantidade de palha e bagaço de cana. Precisamos fazer o melhor aproveitamento que pudermos dessa biomassa. Para isso, acreditamos que a gaseificação é a melhor alternativa – afirmou.
Cerca de 25% da energia quÃmica contida no bagaço, segundo Landgraf, pode ser atualmente transformada em energia elétrica.
– Supondo que pudéssemos usar o processo de gaseificação para aumentar esse aproveitamento para 50%, conseguirÃamos dar uma destinação útil para uma quantidade importante de biomassa – explicou.
De acordo com ele, o IPT decidiu que o processo conhecido como fluxo de arraste seria o conceito de gaseificação mais adequado para a escala em que se pretende produzir na planta piloto. O processo é utilizado atualmente em grande escala para a gaseificação de carvão mineral na China e em paÃses da Europa.
Agência FAPESP
Foto: Claudio Gottfired