A história do sertanejo no Brasil é uma história de amor. De como pessoas decidem mudar radicalmente suas vidas em busca da simplicidade.
Na raiz da história estão as expedições bandeirantes, quando portugueses e indígenas aliados se aventuravam pelas florestas densas em busca de riquezas. Foram as expedições bandeirantes que descobriram o ouro e a prata de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Contudo, na medida em que desbravavam o Brasil, em companhias que variavam de trezentas a duas mil pessoas, os descendentes de europeus se apaixonavam pelo caminho. Sim, pelo caminho em si! Os campos do interior paulista, as colinas e as montanhas de Minas, as planícies do Mato Grosso. Claro que a isso também se soma o fato de que, quando não estavam se matando pelas terras, europeus e indígenas tendiam a se relacionar, dando origem ao caboclo; mestiço entre o branco e o índio.
Até então, e aqui estamos falando dos anos de 1600 a 1700, o Império Português se concentrava na costa brasileira, com presença marcante no nordeste e no Rio de Janeiro. As expedições inicialmente não tinham como missão estabelecer novas cidades, o maior interesse era mapear as riquezas. Entretanto, muitos bandeirantes decidiam se estabelecer. Erguiam moradias modestas e levavam a vida no campo, longe das preocupações das grandes cidades. Nascia assim, o espírito caipira do sertão.
Do campo para a viola, da viola para os corações
A história do sertanejo no Brasil é a união desse espírito caipira, da busca pela simplicidade e das verdades da natureza, com a viola que é um instrumento trazido da Europa pelos portugueses. A viola caipira (ou cabocla) é uma adaptação da viola portuguesa que por sua vez veio do alaúde árabe.
Os causos e suas lidas de interior muito foram cantadas, na roça, até chegarmos ao século XX quando a tecnologia fonográfica e o empenho de Cornélio Pires permitiram que pela primeira vez, em 1929, fosse gravado o primeiro disco de música caipira do Brasil.
E desde então, o gênero permanece vivo em nossos corações. Durante todo o século XX tivemos o prazer de ouvir e assistir duplas como Alvarenga e Ranchinho, Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha ou Torres e Florêncio, por exemplo. Assista aqui para relembrar!
Depois da Guerra
O gênero sertanejo veio à tona na década de 20, porém a história do sertanejo no Brasil é um livro que continua sendo escrito.
O pós-guerra trouxe mudanças para o estilo, com a introdução de mais elementos europeus como o acordeon. Nos anos 60 houve maior influência norte-americana e o visual dos cowboys passou a ter presença. Nos anos 80 a vertente romântica teve seu ápice com Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Trio Parada Dura, Rio Negro e Solimões entre muitos outros, quase sempre em duplas.
O século XXI
Hoje em dia o sertanejo está na crista da onda de um capítulo que teve seu início nos anos 2000 com Bruno & Marrone, Rick & Renner, mais tarde Vitor e Leo, Cesar Menotti & Fabiano.
Hoje os representantes são cada vez mais jovens e mantém um intercâmbio intenso com outros gêneros de música eletrônica.
Evidente que existe uma divisão clara feita até mesmo por nós, os fãs, entre todas essas fases do sertanejo. Do sertanejo raiz para o sertanejo romântico, até o sertanejo universitário. E mesmo com todas essas diferenças de época, sub-estilos e popularidade, um fator é constante: A história do sertanejo no Brasil é uma história de amor.